Em uma entrevista exclusiva ao canal de Beto Ribeiro, conhecido por realizar entrevistas e vídeos sobre crimes em todo Brasil, a esposa de Valdemir Hoeckler, homem de 52 anos que foi encontrado morto dentro de um freezer no sábado, dia 19, na linha São Roque, em Lacerdópolis, no Oeste de Santa Catarina, confessou ter assassinado o marido durante uma conversa gravada com o repórter no dia 20 de novembro.
Claudia Fernandes Tavares Hoeckler, de 40 anos, é natural de Chapecó e contou detalhes sobre o relacionamento com Valdemir. O casal estava junto há 22 anos e teve uma filha, que atualmente tem 22 anos.
Em relato, Claudia cita ter sofrido agressões morais, físicas e sexuais do marido. Ela conta que Valdemir a ameaçava de morte e dizia que ia lhe tirar a filha caso denunciasse os abusos à polícia.
‘Era outra pessoa’
Claudia diz que o marido era completamente diferente na frente de outras pessoas e familiares. Valdemir tinha três filhos de outro casamento. “Ele sempre se fazia de bonzinho, era outra pessoa”, conta. A mulher disse que o homem chegou inclusive ameaçar ela e a filha de morte.
Com 18 anos, segundo Claudia, a filha saiu de casa para evitar os sofrimentos que passava com os pais. Escondidas de Valdemir, mãe e filha continuavam se falando.
Claudia conta que depois disso, com ajuda da filha, conseguiu terminar o Ensino Médio e depois formou-se em Pedagogia.
“Trabalhei dois meses e meio escondido”, relata Claudia, que conta que Valdemir era ciumento e a impedia de trabalhar como professora e ter amizades com colegas, principalmente homens.
Em 2019, Claudia diz que chegou a registrar um boletim de ocorrência contra o marido, mas segundo ela, não adiantou nada. Ela recebeu medida protetiva e saiu de casa, mas Valdemir teria conversado e pedido para ela retirar o boletim e voltarem a ficar juntos.
Casamento
Em setembro deste ano, Claudia e Valdemir se casaram. Segundo ela, após a morte do sogro, o marido queria comprar as terras do pai. “A gente casou pra poder juntar as folhas de pagamento e poder comprar as terras [...]. Também pra quando precisasse de alguma coisa eu poder fazer por ele”, relata.
Crime
“Ele não me deixava fazer nada, não tinha vida própria”, diz Claudia, que tinha que correr contra o tempo e fazer tudo que o marido pedia, além de precisar provar que estava nos locais. “Ele dizia que se eu deixasse dele, mataria minha filha”.
No sábado, dia 12 de novembro, Claudia teve uma confraternização com as colegas professoras e relatou ter ‘contado todos os passos’ para o marido, que mesmo assim apareceu no restaurante e confrontou a mulher. Havia uma viagem com a turma que ocorreria na segunda-feira, dia 14, mas na noite de domingo, Valdemir a agrediu e a proibiu de ir, conta a esposa.
Com ameaças, Claudia diz que várias vezes ‘quis morrer’. “Se eu acordar e você não estiver em casa, eu te mato”, relata a mulher sobre ser proibida de viajar.
Claudia então deu a Valdemir remédios para dormir, que tinha em casa há algum tempo. Ele já estava tomando outros remédios e tomou o comprimido a mais, caindo no sono em seguida. A mulher pensou por cerca de 1 hora no que faria. Ela diz que asfixiou Valdemir com uma sacola plástica na cabeça. Segundo ela, o homem não acordou ou reagiu.
“Eu continuei porque se eu parasse e ele acordasse, ele ia me matar”. Em seguida, Claudia colocou o corpo em cima de um lençol e o arrastou sozinha até o freezer, pensando em escondê-lo.
A professora saiu de casa e foi para a viagem com as colegas. A partir desse momento, Claudia conta que todos começaram a procurar o marido, que foi dado como desaparecido. Depois de cinco dias, durante perícia policial, Valdecir foi encontrado dentro de um freezer da casa.
Ao final da entrevista, de mais de uma hora, Claudia fala aliviada: “vou agora cumprir minha pena, vou para a cadeia, mas eu nunca me senti tão livre”. Ela fala que agora quem sabe poderá ver mais vezes a filha do que antes, sem precisar se esconder. A jovem, segundo Claudia, apoiou a mãe após saber do crime.
“Vou parar de ser agredida tanto fisicamente como psicologicamente, é uma liberdade [...] Queria ajudar mais mulheres, que tomassem decisões antes, que não passassem tantos anos passando pelo o que eu passei. No fim da história, acabei fazendo uma coisa que eu fiz que a gente acaba se sentindo um monstro. Eu sei que vai demorar anos pra mim sair e não sei como vou lidar com a realidade lá fora, porque hoje eu olho para as pessoas e me sinto um monstro”, finaliza. |