O presidente da República e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL), discursou na abertura da 77ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), na manhã desta terça-feira (20), em Nova York. Como é tradição, o governante do Brasil foi o primeiro a falar no evento.
No pronunciamento, Bolsonaro ressaltou o combate ao coronavírus e comemorou a vacinação da população contra a covid-19, afirmando que o governo "não poupou esforços para salvar vidas e defender empregos", citando também o auxílio emergencial.
Bolsonaro também falou sobre um "Brasil do passado" ao citar o combate à "corrupção sistêmica" que, segundo ele, existia no país entre 2003 e 2015, período dos governos Lula e Dilma Rousseff. Em referência ao ex-presidente Lula, seu adversário nas eleições presidenciais deste ano, afirmou que o petista foi condenado em três instâncias por unanimidade.
Já era esperado que Bolsonaro citasse o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, assim como a criação de vagas de emprego, a redução no custo dos combustíveis e de energia, a deflação registrada nos últimos dois meses e o pagamento do Auxílio Brasil, no valor de R$ 600, que o mandatário promete manter no próximo ano, caso seja reeleito.
— Apesar da crise mundial, o Brasil chega ao final de 2022 com uma economia em plena recuperação — ressaltou.
Apesar de se tratar de um evento de Estado, o discurso do presidente foi revisado pelo marqueteiro Duda Lima e pelo presidente do PL Valdemar Costa Neto, de acordo com informações de apoiadores.
Também era esperado que o presidente não se posicionasse diretamente sobre o conflito na Ucrânia. Bolsonaro agradeceu aos países que auxiliaram na evacuação de brasileiros do país europeu e também defendeu o cessar-fogo imediato e a proteção de civis e da infraestrutura essencial à população. O presidente também condenou o isolamento diplomático e econômico, em referência às medidas impostas por grandes potências em relação a Rússia.
Bolsonaro falou sobre a importância do Brasil na produção de alimentos, como um dos maiores exportadores mundiais. Segundo o mandatário, isso foi possível graças a "pesados investimentos" em ciência e inovação, visando sustentabilidade e produtividade.
— Se não fosse o agronegócio brasileiro, o planeta passaria fome, pois alimentamos mais de 1 bilhão de pessoas ao redor do mundo — disse Bolsonaro. — O nosso agronegócio é orgulho nacional.
O presidente também citou a temática do meio ambiente em seu discurso. Segundo Bolsonaro, o Brasil é referência para o mundo quando se trata de desenvolvimento sustentável. De acordo com ele, mais de 80% da floresta amazônica continua intocada no Brasil. O chefe do Executivo ainda criticou os dados divulgados pela imprensa nacional e internacional sobre o desmatamento no bioma. E também citou a transição energética no país:
— Hoje, temos uma indústria de biocombustíveis moderna e sustentável. Indústria que contribui para a matriz energética mais limpa entre os países do G20.
Bolsonaro foi alvo de um protesto projetado no prédio que é sede da ONU em Nova York na noite de segunda-feira (19). Um vídeo que circula nas redes sociais mostra projeções com fotos do presidente e palavras como "vergonha brasileira", escrita em diversas línguas, além de "desgraça" e "mentiroso".
No discurso na ONU no ano passado, Bolsonaro defendeu o chamado "tratamento precoce", um conjunto de medicamentos considerados ineficazes para combater a covid-19. Ele também criticou as medidas de isolamento social, alegando que elas deixaram "um legado de inflação no mundo todo". |