O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em cerimônia na noite desta terça-feira, Alexandre de Moraes foi o protagonista de um evento repleto de encontros inusitados. A solenidade, que em outros anos teve ares de mera formalidade, ganhou contornos mais dramáticos com o acirramento da tensão entre o presidente Jair Bolsonaro, candidato à reeleição, e o ministro que assumiu a Corte, magistrado responsável, no Supremo Tribunal Federal (STF), por inquéritos sobre atos antidemocráticos e a disseminação de fakes news.
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Dias antes da cerimônia, interlocutores das duas partes intermediaram uma espécie de "armistício" entre Moraes e Bolsonaro, que aceitou o convite para estar presente na solenidade. Além dele, porém, também foram chamados, entre outras autoridades, ex-presidentes da República, como Luiz Inácio Lula da Silva, principal adversário de Bolsonaro nas eleições deste ano. Também ficaram próximos, separados por apenas duas cadeiras, a ex-presidente Dilma Rousseff, apeada do cargo por um impeachment em 2016, e o emedebista Michel Temer, vice da petista, que assumiu o posto em seguida.
Confira, abaixo, alguns dos momentos mais desconfortáveis do evento
A presença de Carlos Bolsonaro
Jair Bolsonaro decidiu comparecer acompanhado da esposa, a primeira-dama Michelle Bolsonaro, e de um dos filhos, o vereador do Rio Carlos Bolsonaro. O parlamentar fluminense foi o responsável pela estratégia digital da vitoriosa campanha do pai em 2018, papel que está repetindo no pleito atual. Entre os principais alvos de Carlos nas redes, estão justamente o sistema eleitoral, o STF e o próprio Alexandre de Moraes.
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Durante a solenidade, a conta oficial de Bolsonaro postou ataques aos governos do PT que foram escritos por assessores próximos ao filho, que sentou a apenas uma cadeira de distância de Geraldo Alckmin, vice de Lula. Os dois chegaram a se cumprimentar rapidamente, mas não conversaram.
Bolsonaro e Lula na mesma sala
Ainda antes da cerimônia de posse, Bolsonaro e Lula ficaram na mesma sala, onde aguardaram juntos o início da solenidade. Em cantos opostos, em meio a outras autoridades no mesmo ambiente abarrotado, os dois presidenciáveis não se cumprimentaram.
Bolsonaro de frente para Lula e Dilma
Começado o evento, Bolsonaro sentou-se em local destacado, ao lado de outras autoridades em exercício de posto, como os presidentes da Câmara, Arthur Lira, e do Senado, Rodrigo Pacheco. A cadeira de Jair foi posicionada bem diante da primeira fileira, onde estavam, a poucos metros e a um olhar de distância, os ex-presidentes Dilma Rousseff, José Sarney, Lula e Michel Temer. Todos ficaram frente a frente durante o Hino Nacional.
Dilma e Temer (quase) lado a lado
Há menos de um mês, enquanto o PT tentava conquistar o apoio do MDB ainda no primeiro turno da disputa presidencial, Dilma devolveu com contundência uma entrevista de Temer para o portal "UOL", na qual ele afirmou que a ex-presidente era "honesta", mas não possuía diálogo com o Congresso: "A História não perdoa a prática da traição. O senhor Michel Temer não engana mais ninguém", disparou a petista em nota.
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Na noite desta terça-feira, os dois ficaram no mesmo ambiente pela primeira vez desde então, separados apenas pelas cadeiras de Sarney e Lula. A ex-presidente ligou para Moraes previamente e condicionou sua presença na cerimônia a não ficar sentada ao lado do desafeto. Temer e Lula, aliás, chegaram a trocar confidências ao pé do ouvido e posaram juntos para foto.
O cumprimento de Paulo Guedes e Lula
Alvo constante de Lula na campanha, Paulo Guedes cruzou com o ex-presidente no evento — "ele nem sabe que tem pobre no Brasil", disparou o petista há apenas quatro dias, referindo-se ao ministro da Economia durante uma transmissão ao vivo. Nesta terça-feira, o clima foi mais ameno: ainda que não tenham conversado, os dois trocaram um aperto de mão cortês. |