Onze recém-nascidos foram medicados por engano com um soro contra veneno de cobra no lugar da vacina contra hepatite B em um hospital de Canoinhas, no Planalto Norte de Santa Catarina. O caso, que veio a público nesta terça-feira (15), ocorreu na última sexta-feira (11), dentro da maternidade do Hospital Santa Cruz, uma unidade privada que também atende pacientes pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Hospital aplica soro contra veneno de cobra em lugar de vacina e 11 recém-nascidos são medicados por engano em SC
Bebês receberam antídoto no lugar da vacina contra hepatite B
Onze recém-nascidos foram medicados por engano com um soro contra veneno de cobra no lugar da vacina contra hepatite B em um hospital de Canoinhas, no Planalto Norte de Santa Catarina. O caso, que veio a público nesta terça-feira (15), ocorreu na última sexta-feira (11), dentro da maternidade do Hospital Santa Cruz, uma unidade privada que também atende pacientes pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Bebês receberam dose pequena do soro antibotrópico
Segundo a direção do hospital, os bebês receberam 0,5 ml de imunoglobulina heteróloga antibotrópica, um soro utilizado em acidentes com serpentes como jararacas e jaracuçus. A dosagem habitual em casos de picadas é de 30 ml, ou seja, 60 vezes maior do que a aplicada nos recém-nascidos.
Apesar da falha, o hospital afirma que até o momento nenhuma das crianças apresentou reações adversas graves. Todos os bebês estão sendo acompanhados por equipes médicas, e as famílias foram comunicadas logo após a identificação do erro.
Verificação interna identificou a falha
A aplicação equivocada foi descoberta durante uma verificação interna da maternidade. Em vez da vacina contra hepatite B, prevista no calendário nacional de imunização, os profissionais aplicaram o soro antibotrópico, geralmente mantido em hospitais para emergências com picadas de cobra.
Em nota, o Hospital Santa Cruz confirmou o erro e informou ter instaurado uma sindicância para apurar os fatos. A instituição também declarou que acionou todos os protocolos de assistência às famílias.
“É inaceitável que um erro dessa gravidade aconteça em um ambiente hospitalar. O município repassa quase R$ 1 milhão para os atendimentos realizados pelo hospital via SUS, e precisamos garantir que esse dinheiro esteja sendo utilizado com responsabilidade”, afirmou a prefeita.
Reações adversas são raras, mas possíveis
De acordo com o Instituto Butantan, o soro antibotrópico é indicado exclusivamente para tratamento de acidentes com cobras do gênero Bothrops. Embora o risco de efeitos colaterais seja considerado baixo, menos de 0,1% dos casos, o uso indevido pode causar reações como coceira, náuseas, manchas na pele e, em casos extremos, choque anafilático.
Hospital afirma compromisso com segurança
A diretora do Hospital Santa Cruz, Karin Adur, afirmou que a equipe está abalada com o ocorrido, mas reforçou o compromisso da instituição com a ética e a segurança dos pacientes. “Reafirmamos nosso compromisso com a transparência e com o cuidado contínuo aos recém-nascidos e suas famílias”, declarou.
A comunidade e os familiares agora aguardam respostas mais detalhadas sobre como a troca de frascos foi possível dentro de uma unidade hospitalar.
Prefeitura cobra explicações e contratará auditoria
A Secretaria de Saúde de Canoinhas só foi informada da situação na segunda-feira (14), por meio da Regional de Saúde de Mafra. A prefeita do município, Juliana Maciel, classificou o caso como “inaceitável” e determinou a contratação de uma auditoria externa para investigar os procedimentos adotados pela unidade. |