A Latache Capital pediu à CVM na sexta-feira que seja adiada por 30 dias a assembleia geral extraordinária convocada para votar no dia 18 a fusão entre Marfrig e BRF.

Acionista minoritária da BRF, a Latache alega "insuficiência da documentação apresentada", "ilegalidades na formulação da ordem do dia", "ausência de independência dos membros de comitês alegadamente independentes", "participação dos controladores (Marcos Molina e sua mulher, Marcia) nas deliberações do conselho de administração" da BRF e Marfrig, entre outras questões.

No pedido endereçado ao presidente da CVM, João Pedro Nascimento, os advogados da Latache afirmam que a fusão, se concretizada, seria uma "tentativa deliberada de transferir valor dos acionistas minoritários da BRF para os controladores da Marfrig — operação que, por si só, afronta os princípios mais elementares de equidade no mercado de capitais. A AGE é justamente o momento em que a Marfrig e seus controladores exercerão o seu poder de controle para, de forma determinante, concretizar os danos aos acionistas da BRF.":

"A suspeita (de manipulação) se agrava diante da coincidência entre esse período de silêncio e o intervalo que embasaria o cálculo da relação de troca entre as ações, justamente quando se observou comportamento atípico no mercado: a cotação das ações da BRF sofreu forte queda, enquanto os papéis da Marfrig se valorizaram. Alguns episódios recentes ajudam a compreender a suspeita de que os preços das ações da Marfrig e da BRF foram artificialmente influenciados em momentos decisivos para a definição da relação de troca entre as companhias. (...) A proposta é extremamente desfavorável aos acionistas minoritários da BRF.Há uma brutal disparidade entre o critério utilizado para maximizar uma relação de troca vantajosa à Marfrig, controladora da BRF, e aquele que proporcionaria uma relação de troca justa aos acionistas minoritários da BRF.