Repercutiu muito mal e causa polêmica nas redes sociais o vídeo postado pela prefeita de Balneário Camboriú, Juliana Pavan (PSD), em que ela acompanha uma operação contra moradores de rua e faz abordagens dizendo que não vai permitir moradores de rua na cidade. O vídeo foi compartilhado pelo padre Júlio Lancellotti, reconhecido defensor dos direitos humanos, provocando acusações de ação higienista da prefeita.
Repercutiu muito mal e causa polêmica nas redes sociais o vídeo postado pela prefeita de Balneário Camboriú, Juliana Pavan (PSD), em que ela acompanha uma operação contra moradores de rua e faz abordagens dizendo que não vai permitir moradores de rua na cidade. O vídeo foi compartilhado pelo padre Júlio Lancellotti, reconhecido defensor dos direitos humanos, provocando acusações de ação higienista da prefeita.
Nas imagens, Juliana aparece com agentes do serviço de Abordagem Social, da Guarda Municipal e da Polícia Militar. Esse tipo de operação ostensiva já foi alvo de ação do Ministério Público contra a antiga gestão municipal, de Fabricio Oliveira (PL), que foi proibida na justiça de fazer a condução forçada de moradores de rua e de usar a Guarda Municipal nas abordagens sociais. Em 2024, o caso chegou ao Supremo Tribunal Federal (STF), após a promotoria apontar o descumprimento das medidas.
Apesar do discurso de acolhimento na postagem, a prefeitura de BC foi criticada pela forma de abordagem aos moradores de rua. “Se tu queres ficar na rua, aqui em Balneário, não. Tem saúde aí. Pensa um pouco. Se tu quiseres ir pra Casa de Passagem, [pra te] dar acolhimento, ou senão tu pegas o rumo e volta pra tua casa, mas aqui na rua, não”, diz agressivamente a um homem que afirma ter vindo de Itajaí.
A operação do município, batizada de Resgate à vida BC, foi lançada na noite de sexta-feira com a justificativa de resgatar pessoas que se encontram em vulnerabilidade social pelas ruas da cidade. “Dando a oportunidade para que elas possam retornar para o seu local de origem, procurar tratamento e um acolhimento”, defende.
Na operação, Juliana fala com um homem que veio de Rondônia em novembro de 2023. Ele conta pra prefeita que está sem moradia e que há duas noites está ficando embaixo da ponte. “E se a gente oferecer ajuda, a oportunidade de tu procurar um caminho, um trabalho, oportunidade de tu voltar pra tua casa, tu topas isso?”, pergunta a prefeita. O homem aceita ajuda e aparece indo pra Casa de Passagem.
Em outra abordagem, a prefeita pergunta pra um rapaz de 21 anos se ele aceita ir pra uma clínica de recuperação. “Coloca um pouco a mão na tua cabeça, na tua consciência. Tu tens 21 anos, cara. Olha a oportunidade que tu tá tendo de recomeçar tua vida. Tu tens idade pra ser meu filho”, diz Juliana. O rapaz aceita a sugestão de ir pra Casa de Passagem, onde poderia comer, trocar de roupa, dormir e “pensar um pouco”.
Abordagens são previstas semanalmente
A operação da prefeitura foi lançada em parceria com outros órgãos, entre secretarias de Assistência Social e de Segurança, a Polícia Militar e o Conselho Tutelar. As abordagens passaram em três pontos: embaixo das pontes Altamiro Domingos Castilho, entre os bairros Vila Real, em BC e São Francisco de Assis, em Camboriú, e a da rua 3700, e na Marginal Leste, perto da avenida do Estado Dalmo Vieira.
Conforme a prefeitura, 20 pessoas foram abordadas e cinco delas aceitaram o convite para receber acolhimento na Casa de Passagem e, posteriormente, transporte de volta para suas cidades de origem. Outras duas pessoas concordaram com a oferta de internação em clínicas de recuperação para usuários de álcool e drogas.
A proposta do programa, segundo o município, é oferecer encaminhamento, seja no retorno pra casa, no tratamento em clínicas especializadas, na busca de emprego e no cumprimento de medidas judiciais quando forem identificadas pessoas com ordens de prisão em aberto.
“Na rua, aqui em Balneário Camboriú, a gente não vai aceitar ninguém. Se quer tá na rua em Balneário Camboriú, ou vai trabalhar ou vai procurar ajuda”, reforça a prefeita em outro momento do vídeo. |