Destroços de uma embarcação do Século XIX que descansa há 130 anos no rio Itajaí-Açu ameaçam a operação de grandes navios que necessitam entrar no canal rumo aos portos de Itajaí e Navegantes.
Isso porque o Navio Pallas, que era utilizado para transportar itens frigoríficos, está localizado próximo ao Saco da Fazenda, na área do giro dos navios que entram no canal.
“Ele é um problema para o tamanho dos navios que têm que entrar em um porto que está sendo dimensionado para os navios de 366 metros. Os portos que não atenderem os navios deste tamanho estão praticamente fora dos trajetos principais”, explica o curador-geral do Centro Cultural da Marinha em Santa Catarina, professor Jules Soto.
De acordo com Jules, a margem de segurança utilizada atualmente para a entrada das embarcações já está em risco. Por isso a necessidade de pôr em prática um plano de ação para o correto manejo dos destroços e, por fim, a dragagem para o aumento do canal.
“Esse navio tem que ser trabalhado arqueologicamente, historicamente, e na medida do possível, conforme os resultados, ser retirada uma parte dele que possibilite essa dragagem e o giro de navios maiores”, diz.
O Navio Pallas encalhou em 1893 e foi identificado no canal em 2018, ano em que o projeto para seu desencalhe foi feito. Ele tem 67 metros de comprimento e está partido ao meio próximo ao território navegantino.
Incidente do Navio Pallas
Construído na Inglaterra em 1891, o Pallas transportava carne entre os portos do Rio de Janeiro e Buenos Aires. A embarcação encalhou dois anos depois de pronta, durante a Revolta Armada. O local de encalhe não era rio, e sim a Praia de Navegantes.
“A entrada da boca do Rio Itajaí era voltada para o Norte. Não existiam os molhes, então era uma foz do rio direto no mar, que tinha um canal. Esse canal era relativamente raso, e acredita-se que o comandante, que não estava de acordo com o sequestro do navio, jogou o navio na praia, encalhando-o propositalmente”, explica o pesquisador.
Desenho do navio Pallas
“Outros dizem que nunca um navio daquele tamanho entraria em Itajaí, pela condição da barra daquele dia. Então, de uma forma ou de outra, o comandante tinha ciência que o navio ia encalhar”, finaliza Jules. |