Com a ligeira mudança de um “atraso” na formação do La Niña, as chances de Santa Catarina ter um inverno 2024 rigoroso são cada vez menores. Agora, o fenômeno deve chegar entre agosto e setembro (e não mais em julho), o que significa que não haverá impacto na estação mais fria do ano.
A previsão foi feita nesta semana pelo pelo Fórum Climático, um grupo de meteorologistas de diversas instituições do Estado que se reúne mensalmente para avaliar as tendências do trimestre. Pelos modelos analisados, o inverno terá temperatura média um pouco acima do esperado para o período. Isso não significa, obviamente, que não haverá dias mais frios. Os termômetros devem permanecer abaixo dos 20ºC e até dos 14ºC em áreas mais altas, como já antecipou o Instituto Nacional de Meteorologia.
Apenas em agosto há indicativo de a média ficar dentro do normal, justamente no período que deve ser confirmada a formação do La Niña, que consiste no resfriamento em um ponto do Oceano Pacífico perto do Peru. Com as águas mais frias, há interferências na atmosfera e a consequência mais conhecida no Sul do Brasil é a diminuição no volume de chuvas.
As estiagens normalmente estão atreladas ao La Niña.
Porém, antes do resfriamento há o período de transição, já que até então o fenômeno vigente era o El Niño, que significa o oposto: o aquecimento das águas e, com isso, aumento das chuvas no Sul. A tragédia climática no Rio Grande do Sul, por exemplo, ocorreu no final desse ciclo 2023-2024 do El Niño. Com o fim dele, há meses de neutralidade no oceano, quando as águas ficam com a temperatura dentro do normal.
Este é o momento agora, da neutralidade, que caminha a passos rápidos para o resfriamento. Havia, inclusive, a expectativa do La Niña acontecer já em julho. Porém, deve ocorrer um “atraso” e as temperaturas negativas serão observadas provavelmente entre o final do inverno e início da primavera. As aspas são usadas porque climatologicamente não há um atraso, já que o fenômeno vai se concretizar rapidamente quando comparado a anos anteriores.
Essa atualização no panorama, então, traz a previsão de um inverno com temperatura média de até 1ºC acima do esperado. As chuvas, que já são menos volumosas nessa estação, devem ficar abaixo do normal em quase todo o Estado durante junho, exceto nas cidades próximas ao Litoral, que podem ter o total de precipitação acima da média mensal.
Já em julho e agosto o cenário é o mesmo para toda Santa Catarina: chuva abaixo da média para todos os municípios, com dias consecutivos sem precipitação.
El Niño e La Niña
Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), o El Niño é o nome dado ao aumento na temperatura da superfície da água no Oceano Pacífico, fazendo ela evaporar mais rápido. O ar quente sobe para a atmosfera, levando umidade e formando uma grande quantidade de nuvens carregadas.
Com isso, no meio do Pacífico chove mais, afetando a região Sul do Brasil, pois a circulação dos ventos em grande escala, causada pelo El Niño, também interfere em outro padrão de circulação de ventos na direção norte-sul e essa interferência age como uma barreira, impedindo que as frentes frias, que chegam pelo Hemisfério Sul, avancem pelo país.
Logo, elas ficam concentradas por mais tempo na região Sul.
O contrário, o resfriamento dessas águas, é chamado de La Niña. Normalmente, o El Niño perde força, a temperatura no oceano volta ao “normal” — o chamado período de neutralidade — e gradativamente vai ficando mais fria, entrando no La Niña. Os efeitos do La Niña para Santa Catarina são o oposto do outro fenômeno, já que as chuvas caem em menor volume no Estado.
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