Presa nesta terça-feira após levar um cadáver a uma agência bancária em Bangu, na Zona Oeste do Rio, Érika de Souza Vieira Nunes, de 42 anos, afirmou à polícia que decidiu sacar R$ 17 mil de um empréstimo feito em nome de Paulo Roberto Braga, de 68 anos, após o idoso manifestar vontade de usar o dinheiro para comprar uma televisão e fazer uma obra em casa. Ela diz ser sobrinha do homem — os investigadores confirmam que há uma relação de parentesco, mas seria de primos — e contou que atuava como cuidadora dele, já que eram vizinhos.
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De acordo com o relato de Érika, Paulo Roberto ficou cinco dias internado por causa de uma pneumonia e teve alta na última segunda-feira. Após a alta ele ficou sob os cuidados de Érika, afirmou ela, e revelou ter feito o empréstimo, solicitado no dia 25 de março. O idoso, então, teria mostrado interesse em sacar a quantia pedida. Érika disse que foi ao banco com Paulo para atender a um desejo dele.
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A mulher contou aos policiais que chamou um carro de aplicativo e, com a ajuda do motorista, embarcou e desembarcou o idoso do carro. A polícia tenta localizar esse motorista para que ele preste depoimento. Érika afirmou ainda que antes de sair de casa e já dentro do banco, Paulo Roberto estava consciente, apesar de debilitado, e que parou de responder no momento de receber atendimento de funcionários da agência bancária.
Em depoimento, a mulher disse que viu quando a equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) chegou e fez manobras de ressuscitação em Paulo Roberto. E afirmou que dava para perceber que o idoso respondia aos estímulos até parar de responder. Um dos funcionários do Samu, porém, relatou à polícia que o idoso estava morto havia duas horas, uma vez que o corpo já apresentava livores — manchas escuras que correspondem às zonas de falta ou de acumulação de sangue —, que costumam aparecer após esse tempo.
A tentativa de Érika fazer com que Paulo Roberto assinasse a documentação para o saque dos R$ 17 mil foi registrada em vídeo. Nas imagens, é possível perceber que a mulher segura a cabeça de Paulo Roberto e diz: “Assina para não me dar mais dor de cabeça, ter que ir no cartório. Eu não aguento mais”.
Enquanto isso, os funcionários do banco salientam que algo de errado está acontecendo com o idoso. “Eu acho que ele não está legal, não está bem, não", diz uma atendente.
Érika continua: "Tio Paulo, precisa assinar. Se o senhor não assinar, não tem como. Eu não posso assinar pelo senhor, o que eu posso fazer, eu faço. Igual ao documento aqui: Paulo Roberto Braga. O senhor segura (a caneta). O senhor segura forte para caramba a cadeira aí. Ele não segurou ali a porta?", diz Érika na imagem gravada pelos funcionários.
O corpo de Paulo Roberto foi levado para o Instituto Médico-Legal (IML), onde passará por exames para constatar a causa da morte. Érika foi autuada por vilipêndio de cadáver e furto mediante fraude. |