A mãe do bebê de 1 anos e 7 meses que morreu após ser esquecido dentro de um carro no município de Canoinhas, Norte de Santa Catarina, na última quarta-feira, dia 13, publicou um desabafo emocionante nas redes sociais, fazendo um alerta sobre crises de estresse e autocuidado.
Tanise Maes Kucarz é psicóloga e escreveu na publicação que, com o passar do tempo, passou a normalizar o estresse. “Eu estava estressada. Estava me sentindo exausta. E passei a normalizar o estresse [...] nunca pude imaginar que meu cansaço levaria a isso, que chegaria a esse ponto.”, afirma na postagem.
O texto já alcançou milhares de pessoas, que deixaram mensagens de apoio e carinho para a mãe. Tanise também publicou fotos com o filho, Lorenço, e o marido, Darciano Kucarz. Leia a publicação na íntegra abaixo.
Querida mamãe! Querido papai! Nestes dias de tanta dor gostaria de fazer um pedido a você:
Cuide de você! Permita-se descansar! Permita-se pedir ajuda!
Eu estava estressada. Estava me sentindo exausta. E passei a normalizar o estresse:
“Hoje em dia todo mundo está estressado!” “A vida é corrida mesmo!” “Quem tem criança pequena é uma loucura mesmo!”
Acreditava que eu tinha que ser forte. Sabia que estava cansada, mas… “Eu não tenho tempo de descansar” Pensava que era uma fase corrida da minha vida. “Quando der eu descanso”
Mas esse dia nunca chegava. E o cansaço foi aumentando. Comecei a ter pequenos lapsos de memória. Esquecer o que tinha falado e falar de novo. Esquecer onde tinha deixado alguma coisa. Às vezes me machucava e nem percebia. Só via depois que estava com um roxo ou um corte, mas não conseguia lembrar onde tinha feito isso. E continuava na correria do dia a dia porque… “Não tenho tempo pra isso!”
Nunca pude imaginar que meu cansaço levaria a isso, que chegaria a esse ponto. Dediquei muito do meu tempo a cuidar do Lorenço e dos outros. Mas…“Não tenho tempo de cuidar de mim” “Não tenho tempo de descansar” “Quando o Lorenço crescer eu descanso, mas agora não tenho tempo”
Cuidei dele com todo meu amor, carinho e dedicação. Achava que se ele estivesse bem estava tudo bem. Não ficou tudo bem porque eu não cuidei de mim. Eu não me permiti descansar. Eu não pedi ajuda. E minha mente simplesmente desligou. Como algo que entra em curto-circuito. Como se caísse o disjuntor por excesso de carga. Uma tragédia aconteceu!
Meu menininho partiu para o mundo espiritual. Meu filho não volta mais. Será pra sempre meu anjinho de luz, como eu já chamava ele. Às vezes aparentamos estar bem, mas não estamos. Então é hora de falar com os outros e pedir ajuda. Eu não posso voltar no tempo e mudar as coisas, mas o seu filho ainda está aí.
Não deixe que a situação chegue ao ponto que a minha chegou. Não deixe que aconteça o pior.
Cuide de você! Permita-se descansar! Permita-se pedir ajuda!
Não conseguimos cuidar dos outros se não estamos bem. Talvez você acredite que dedicar todas as suas energias a seu filho é o que basta para ele ficar bem e seguro. Eu acreditava nisso, mas não bastou.
Tragédia é alerta para outros pais
A Polícia Civil informou na quarta-feira, que Tanise deixaria o filho na creche, mas esqueceu a criança no carro. Ela chegou a voltar à unidade no final da tarde para buscar o filho, foi informada que o bebê não havia sido deixado no local e se deu conta que a criança estava no carro.
A Polícia Civil abriu um inquérito para investigar o caso, sob a condução do delegado Vinícius Ferreira. "Ela foi imediatamente até o pronto atendimento, mas a criança chegou sem vida e nada pôde ser feito", lamentou.
O caso será investigado pela Delegacia de Proteção à Criança, Adolescente, Mulher e Idoso de Canoinhas. Inicialmente, a situação é apurada como homicídio culposo, quando não há a intenção de matar.
Ainda de acordo com Vinícius, a mãe ficou em choque e o delegado de plantão optou por não ouvir a mulher no momento, mas será interrogada assim que possível. "Já requisitamos as perícias ao Instituto Médico Legal (IML) para confirmar a causa da morte", completou Vinícius.
"É um fato muito triste, uma tragédia que pode servir de alerta para outros pais", concluiu o delegado. |