Sheynnis Palacios, a Miss Universo da Nicarágua, emergiu como um ícone de resistência e uma crítica contundente aos regimes ditatoriais, especialmente ao regime de Daniel Ortega. Sua vitória no Miss Universo 2023 não só representou um marco histórico para a Nicarágua, mas também se transformou em um ato de resistência política contra o regime autoritário do país.
Palacios, que já havia participado dos protestos de 2018 contra o governo, tornou-se alvo de críticas por parte de líderes sandinistas. Sua participação nas marchas cívicas ao lado de figuras importantes, como o cantor e compositor Carlos Mejía Godoy, e a exibição de seu diploma universitário de uma instituição fechada pelo governo, simbolizam sua oposição aos atuais líderes da Nicarágua​​​​.
Sociólogos nicaraguenses exilados destacam a dificuldade de separar o social do político em um país com uma crise sociopolítica profunda. Em sistemas repressivos como o da Nicarágua, eventos aparentemente apolíticos são frequentemente utilizados pelos cidadãos para expressar suas opiniões e insatisfações. A vitória de Palacios foi vista como uma oportunidade para manifestar resistência contra o regime opressor​​, que lhe rendeu o confisco de sua coroa e de sua faixa de Miss Universo, por ordem do presidente Daniel Ortega.
O impacto da coroação de Palacios vai além do espetáculo de beleza. Representa uma fonte de esperança para um país que viveu anos de repressão constante. Para muitos nicaraguenses, a vitória de Palacios simboliza a possibilidade de mudança e a força da resistência popular, apesar da tentativa do regime de manipular narrativas e reprimir expressões de descontentamento​​.
A trajetória de Sheynnis Palacios no Miss Universo 2023, portanto, transcende sua conquista pessoal, tornando-se um poderoso símbolo de luta e resistência em um contexto de opressão e desespero político. |