A data do dia 29 de novembro sempre estará marcada no futebol mundial. Há sete anos, em 2016, um time do interior do Brasil, que escrevia as páginas mais bonitas de sua história, teve o sonho interrompido por uma tragédia que marcou o mundo. Naquele ano, o avião que levava a delegação da Chapecoense para a final da Copa Sul-Americana, contra o Atlético Nacional, em Medellín, capital da Colômbia, caiu perto de um local chamado Cerro El Gordo.
Ao todo, 71 pessoas foram vítimas da tragédia, entre atletas, comissão técnica, jornalistas, diretores e comissários de bordo. Apesar do grave acidente aéreo, seis pessoas sobreviveram. Dois tripulantes, três jogadores: o goleiro Jakson Follmann, o zagueiro Hélio Hermito Zampier Neto, o ‘Neto’ e o lateral Alan Ruschel (o único ainda em atividade) e o jornalista Rafael Henzel, que faleceu em março de 2019, vítima de um infarto.
Após o acidente, a Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol) declarou a Chapecoense campeã da Copa Sul-Americana de 2016, depois de um ato de fair play do Atlético Nacional, da Colômbia.
A epopeia interiorana
Ser do interior do Brasil já lhe rende certa dificuldade, seja em qual setor da sociedade for. Agora, ser do interior do Brasil no futebol é mais difícil e os números mostram. Na história, apenas dois clubes que não estão em capitais foram campeões brasileiros, o Santos e o Guarani.
Para contrariar o óbvio, surge um time em Santa Catarina, Estado pouco tradicional no futebol, a Chapecoense. A equipe, em uma ascensão meteórica, sai da Série D, chega à elite no futebol nacional e consegue pela primeira vez na sua história, jogar uma competição internacional. Na Sul-Americana de 2015, o time, após um gigantesco jogo, é eliminado pelo grandioso River Plate. A derrota, por sua vez, não é encarada com tristeza e sim, como uma preparação para o que estava por vir.
Chegamos em 2016, novamente na Copa Sul-Americana e a epopeia, já em fase inicial, começa a ganhar os seus primeiros feitos históricos. Na primeira rodada, o Verdão precisou reverter uma derrota fora de casa e virou um jogo na Arena Condá, para passar pelo Cuiabá. Aqui, a epopeia ganha o seu primeiro herói: Bruno Rangel, que já era ídolo do clube.
Após passar pelo time brasileiro, a Chape tinha pela frente um gigante argentino, o Independiente, o “Rei de Copas”. Agora, a epopeia ganhava o seu maior nome: Marcos Danilo Padilha, o goleiro Danilo. No confronto com os hermanos, o camisa ‘1’ da Chape defendeu quatro pênaltis e foi fundamental para classificação às quartas de final.
Contra os colombianos do Junior Barranquilla, nas quartas de final, o Verdão teve um caminho até certo ponto tranquilo. Após perder fora de casa, o time entrou na Arena Condá e conseguiu golear por 3 a 0. Assim, garantiu a classificação para a semifinal.
Como em um bom filme hollywoodiano, a ‘falsa tranquilidade’ contra o Junior, precedeu o auge da epopeia verde e branca. Na semifinal contra o San Lorenzo, surgiu mais um herói: Ananias Eloi Castro Monteiro, que marcou o último gol daquele time na competição. Com muita raça, o time catarinense voltou para o Brasil com um empate muito comemorado e um sonho: a Grande Final da Copa Sul-Americana.
Chapecó, quarta-feira, 23 de novembro de 2016. Essa é a data onde a epopeia da Chapecoense toma rumos surrealistas, mas surreal no futebol é apenas uma frase sem importância. Na Arena Condá, graças ao pé de Danilo, o maior de todos os ídolos dessa epopeia, a Chapecoense conseguiu aquilo que para o interior, era visto como impossível, um destaque mundial e um lugar entre os maiores.
“Pra Sempre Lembrados”, Chape divulga programação do dia 29 de novembro
Nesta quarta-feira (29), o momento mais difícil da história da Chapecoense completará sete anos. A data aflora a saudade, mas também se tornou um marco para o cultivo de boas lembranças e para a demonstração de carinho e do respeito à memória dos que nos deixaram.
Ao encontro desta intenção e a exemplo do que foi realizado em 2022, a Chapecoense promoverá iniciativas singelas, que permitirão que cada um demonstre, à sua maneira, o sentimento em relação à data.
Para que os torcedores possam prestar suas homenagens, realizar as suas orações e ter um momento de reflexão, a Arena Condá estará aberta das 9h às 22h – com acesso através da Ala Norte.
Na parte central do gramado, flores brancas serão dispostas de forma simbólica. No Átrio Daví Barella Dávi, rosas brancas serão colocadas junto a cada um dos nomes ao redor da fonte. Por fim, à noite, um dos refletores da Arena Condá permanecerá aceso. |