Morreu na madrugada desta quinta-feira (14) Joel Ferreira do Nascimento, o Maceió, um dos maiores jornalistas esportivos do Estado e ex-colunista do A Notícia por mais de 40 anos. O profissional tinha 80 anos e estava internado desde o dia 7 de setembro devido a complicações de uma pneumonia. Conhecido por sua memória enciclopédica, em 2019 foi diagnosticado com Alzheimer, doença que lhe tirou o símbolo que mais lhe deu prestígio na carreira.
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Jizelle Caroline do Nascimento, a filha mais nova de Maceió, conta que o pai era um apaixonado por esporte. Falava com propriedade as regras e escalações das equipes e transmitia aos leitores, de forma única e com riqueza de detalhes, a experiência de cada partida.
Apesar de também acompanhar tênis e vôlei, sua paixão mesmo era o futebol, era o Joinville Esporte Clube. Mesmo já desmemoriado, a filha diz que citar o JEC era uma forma de resgatá-lo ao tempo presente.
— Ele não escondia de ninguém que o time dele era o JEC. Inclusive, participou da fundação do clube. Nos últimos anos, ele já não lembrava mais de mim, mas quando se falava em JEC era uma forma de despertá-lo, ele abria um sorriso. Tinha um amor inexplicável por este clube — relata a filha.
Uma das alegrias da família, inclusive, é a homenagem que o time do coração fez ao jornalista ainda em vida: desde 2015, a sala de imprensa da Arena passou a levar seu nome.
Além de Jizelle, Maceió deixa dois filhos, duas netas e uma bisneta. A mais nova, inclusive, esteve com o pai em seus últimos minutos de vida. Ela, apesar da dor e do choro da perda, considera-se grata pelo tempo que viveu ao lado do pai, um apaixonado pela Itália, por viagens. Um grande incentivador “que soube aproveitar a vida”.
— Ele veio a óbito por volta das 1h40. Estávamos de mãos dadas e a respiração dele foi parando, parando, até cessar. Com o Alzheimer, perdi meu melhor amigo. Sinto falta daquele tempo de conversas, de trocas. Foi muito difícil pra mim vê-lo definhar. Mas estava acamado por anos e posso dizer que descansou. Não tenho palavras para expressar a grandiosidade dele como pai e não consigo descrever o amor que sinto por ele — lamenta.
Veja momentos da carreira de Maceió
Cercado de amigos
Jizelle conta que, mesmo após a aposentadoria, em 2012, Maceió ainda se dedicava à escrita. Avesso à tecnologia, continuou acompanhando o jornal A Notícia no papel e valorizava as conversas frente a frente.
Inclusive, em seus aniversários costumava reunir os “amigos das antigas” para comemorar a data. Não era um grande frequentador de festas, mas não hesitava em promover comes e bebes para reunir os conhecidos. Quando a família compartilhou a notícia da morte, a filha conta que foram diversas as mensagens recebidas de pessoas que conviveram com ele e o admiravam.
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— A gente sempre recebia ligações perguntando sobre como estava o “Maça”, como também era chamado carinhosamente. Hoje, após o comunicado [sobre a morte], vários nos mandaram palavras de conforto. Ele era um gigante, não tenho palavras para descrevê-lo — define a filha.
A despedida de Maceió acontece a partir das 11h desta quinta-feira na capela 2 do Cemitério Municipal na Rua Borba Gato, bairro Atiradores. O sepultamento acontece às 16h.
“Olhar atento e amplo” responsável por revelar talentos
Por nota, o prefeito de Joinville Adriano Silva e a vice Rejane Gambin lamentaram a morte de Maceió e destacaram sua atuação profissional que, em mais de 40 anos de carreira, foi responsável por relevar e incentivar talentos catarinenses em diversas modalidades.
Adriano também citou que, na coluna “Informal”, do jornal A Notícia, o jornalista compartilhava revelações esportivas, análises e resgates históricos. Com olhar atento e amplo, destacou sua “extensa lista de fontes e contatos”.
“Maceió teve um papel muito importante no esporte catarinense por meio de seu trabalho e marcou diferentes gerações, deixando seu legado para o jornalismo esportivo de Joinville”, disse o prefeito. |