O corpo da cantora Rita Lee é velado nesta quarta-feira (10), no planetário do Parque Ibirapuera, na Zona Sul de São Paulo.
Aberta ao público, a cerimônia começou às 10h e está prevista para ser encerrada às 17h.
Família, artistas e fãs se despedem da artista. João Lee, um dos filhos da cantora, foi o primeiro a chegar e falou sobre o legado da mãe, quem ele define como uma heroína.
"É uma pessoa muito única. Para mim, ela vai ser eterna. Acho que para todo mundo."
"Era uma loucura a dignidade dela, a sensibilidade dela de lidar com as pessoas, de entender as pessoas, a forma que ela tinha de se comunicar com o público, com o mundo. [Era] uma pessoa muito única. Eu não sei se eu conheci uma pessoa tão igual na minha vida, mas eu tive o privilegio de passar 43 anos com ela, aprendendo demais, recebendo os valores dela."
Muito emocionado, Beto Lee, filho mais velho, recebeu o carinho de artistas e amigos e comentou sobre a relação da mãe com a cidade de São Paulo.
"Eu vejo esse lance da relação dela com a cidade com uma certa dívida que ela tinha porque São Paulo foi uma certa plataforma, toda a base para ela começar essa carreira com os Mutantes. São Paulo tem essa coisa especial, sempre esteve no coração da minha mãe. Hoje será uma celebração incrível", afirmou.
'SP tem essa coisa especial, sempre esteve no coração da minha mãe', diz Beto Lee, filho de Rita Lee
Além dos filhos, uma das irmãs de Rita, Virgínia Lee Jones, esteve presente desde o início do velório.
Walter Casagrande, Eduardo Suplicy, Serginho Groisman, Pedro Bial e Rita Cadillac também foram ao local para prestar homenagens.
Durante a cerimônia, o teto do planetário exibe uma projeção estática com imagens do céu do dia 31 de dezembro de 1947, data em que a artista nasceu.
Os primeiros fãs chegaram ao local por volta das 5h. Após prestarem homenagens, deixaram o local entoando músicas consagradas da artista.
Conforme o desejo de Rita, seu corpo será cremado em cerimônia reservada aos familiares e amigos.
Ainda assim, o Parque Ibirapuera seguiu como um local marcante na vida de Rita, sendo mencionado diversas vezes aos longo dos capítulos do livro.
Relação de Rita Lee com o Ibirapuera
Em sua primeira autobiografia, "Rita Lee — uma autobiografia", publicada em 2016, a cantora escreveu um capítulo sobre a relação que tinha com o local que veio a se tornar o Parque Ibirapuera, chamado pela artista de "floresta encantada": um lugar ideal para montar um pequeno acampamento e realizar piqueniques aos domingos.
Na obra, a cantora também imaginou como seriam os minutos após sua morte. E, ao longo das nove linhas que escreveu sobre este momento, ela aproveitou para advertir os políticos:
"Nenhum político se atreverá a comparecer ao meu velório, uma vez que nunca compareci ao palanque de nenhum deles e me levantaria do caixão para vaiá-los".
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Segundo a cantora, as visitas ao Ibirapuera eram realizadas em grupo formado por seis mulheres. Cada uma escolhia uma árvore ou planta para cuidar, retirando folhas secas e ervas daninha. Elas também plantavam pés de frutas, verduras e legumes nas redondezas do parque.
Ao relembrar a inauguração do parque, em comemoração aos 400 anos da capital paulista, Rita menciona que "o sonho acabou" — suas pequenas hortas foram destruídas, e a floresta deu lugar ao asfalto, cimento e "construções de gosto duvidoso".
O pai da cantora teria desaprovado a intervenção no espaço e se recusado a comparecer à festa de inauguração.
No capítulo intitulado "Mutatis Mutandis", Rita Lee conta que ia toda semana ao planetário do Ibirapuera, era seu "must semanal", visita que era sucedida por uma banana-split na lanchonete próxima. |