A avaliação do Sindicato dos Comerciários sobre a efetividade da Lei do Horário Livre do Comércio, em Concórdia, é bem diferente daquela feita pelo Sindilojas, que é a classe patronal do setor. Se de um lado, este sindicato entende que a Lei está sendo bem executada e trazendo benefícios ao município, o outro sindicato não tem o mesmo entendimento: há vários problemas e a avaliação geral é negativa.
Em entrevista à reportagem da emissora, dando sequência ao especial que avalia como está a execução da nova Lei em Concórdia, a presidente do Sindicato dos Comerciários, Janete Piccini, diz que um dos prejuízos da mudança é que as empresas deixaram de pagar o almoço. “Junto com o sindicato patronal tentamos renovar os acordos que garantiam a alimentação, e até então não foi renovado. Porque a grande maioria que trabalha no comércio são mulheres e isso dificulta. Tínhamos a convenção que garantia o almoço para quem trabalhava no sábado. Algumas empresas estão pagando, outras não”, explica ela.
Além do não pagamento do almoço, a presidente argumenta ainda que alguns empresários deixaram de pagar as horas extras. “Outra coisa. Algumas empresas passaram a fazer 07h20, passaram a não pagar as horas extras e tratar o sábado como dia normal. Isso é ruim porque diminuiu a remuneração dos trabalhadores, deixaram de pagar a hora extra”, pontua.
Janete tem um entendimento diferente no que diz respeito à melhora da economia do município. Segundo ela, não é o horário livre que faz isso avançar e sim a melhor remuneração. Ainda de acordo com ela, a adesão à lei é baixa, mostrando que a maioria dos empresários não é favorável à mudança. “Outra coisa que é importante avaliar, é que os próprios empresários não querem o horário livre porquê não estão abrindo aos sábados à tarde. Têm alguns abrindo, outros não. E o que se consegue comprovar que não é o horário que melhora a economia e sim a remuneração. Acho que essa questão não está traindo clientes para Concórdia e sim espantando”, comenta.
Ela termina a avaliação criticando aquilo que ela classifica como bagunça. Para Janete, não há um padrão de horário de atendimento e isso confunde os clientes locais e, principalmente, aqueles que vêm de fora do município. “Quando você chega numa cidade você pergunta qual o horário. Acho que tem que ter um padrão. É importante organizar melhor, a gente tá em tempo ainda. A gente precisa construir e organizar um horário padrão”, destaca.
A Lei do Horário Livre do Comércio entrou em vigor em dezembro do ano passado, após quase um ano de muitos debates e discussões. Ela não obriga a abertura em horários estendidos, mas permite que os empresários possam abrir os estabelecimentos em horários diferenciados, de domingo a domingo, das 06h da manhã até as 22 horas. |